Ecoar nas eleições: Fora Bolsonaro! Construir nas ruas um programa ecossocialista para derrotar o golpismo e o bolsonarismo!

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Imagem retangular em formato retrato. Na foto, uma militante vestindo camiseta verde do Ecoar, óculos de grau e máscara azul, segura um cartaz em que está escrito "Fora Bolsonato! @juventudeecoar".

Vivemos tempos terríveis, em que o sofrimento e a morte são cotidianos. Cresce de maneira alarmante a fome no Brasil. A inflação e o desemprego, combinados, impõem dificuldades materiais severas à classe trabalhadora. O meio ambiente segue sendo cotidianamente devastado em prol dos interesses do agronegócio e da mineração. As populações tradicionais e originárias, o povo preto, as mulheres, os/as/es LGBTQIA+ são constantemente ameaçados por violências de todo o tipo.

Sabemos que esse cenário não é obra apenas de um governo. A crise sistêmica do capitalismo está levando ao tenaz aumento destas dificuldades em todos os sentidos. Em meio a isso, carregamos a certeza de que só uma revolução que destrua o capitalismo e o regime da burguesia sobre o mundo pode resolver essa catástrofe.

Sabendo de todas essas questões estruturais, é preciso analisar a conjuntura brasileira para pensar em como agir diante das especificidades do momento em que vivemos. O governo de Jair Bolsonaro trabalha diretamente para acentuar todos esses problemas, atuando em prol da burguesia, de setores do exército, de setores neopentecostais e das milícias para piorar de maneira direta as condições de vida da classe trabalhadora. Durante a pandemia, foi diretamente responsável pela política que ceifou a vida de, no momento em que este texto é escrito, quase 700.000 pessoas, em decorrência da contaminação pela COVID-19. Ainda mais grave, alimenta o movimento fascista bolsonarista, que amplia constantemente a violência política e ameaça destruir a democracia burguesa.

Dito isso, sabemos que é necessário apresentar, para as eleições que se avizinham, um projeto que se oponha, simultaneamente, ao capitalismo e ao governo Bolsonaro. Por essas razões, o coletivo Ecoar – Juventude Ecossocialista apoiou a pré-candidatura de Glauber Braga (PSOL) à Presidência da República, considerando que o camarada teria as condições necessárias para aglutinar as forças radicais para apresentar no pleito um programa coerente com a luta por uma sociedade ecossocialista. Com a decisão do PSOL em apoiar a chapa Lula-Alckmin, restou impossibilitada a construção da candidatura de Glauber. Paralelamente a isso, os/as companheiros/as do PSTU, do PCB e da UP também apresentaram seus nomes; os de Vera Lúcia, Sofia Manzano e Leonardo Péricles. Vemos com respeito e admiração o fato de estas/es companheiras/os estarem assumindo tarefa tão árdua nessa conjuntura, levandoadiante pautas tão importantes para o debate eleitoral. Entretanto, avaliamos negativamente o fato de não haver qualquer indicativo de unificação por parte destas forças, levando a uma diluição da força política que uma candidatura da esquerda socialista carregaria, para além de dificultar a intervenção de outras organizações que não estas mesmas de intervirem nas candidaturas.

A candidatura da chapa Lula-Alckmin tem aparecido em algumas pesquisas com prognóstico de vitória no 1º turno. Somado a isso, o Ecoar avalia, em consonância com diversas outras forças políticas, que há grandes chances de uma tentativa de golpe por parte do bolsonarismo nessas eleições, dados os posicionamentos cada vez mais calorosos de Bolsonaro nesse sentido. Também avaliamos que o golpe é uma possibilidade tanto no caso de vitória de Lula no 1º turno, quanto no 2º. No entanto, acreditamos que a derrota de Bolsonaro nas urnas já no 1º turno das eleições pode vir a reduzir as chances do golpismo, tendo em vista que as elites políticas conservadoras do país podem ser importantes para chancelar um futuro golpe e a contestação do resultado de suas próprias vitórias, que ocorrem majoritariamente no 1º turno das eleições, pode refrear este apoio, o que não é interesse do bolsonarismo.

Ao mesmo tempo, não temos qualquer ilusão com a chapa Lula-Alckmin. Lula, quando esteve na presidência, governou prioritariamente para a burguesia, ainda que com conquistas parciais à classe trabalhadora. Seu programa de conciliação de classes é, como todo o programa de conciliação de classes, extremamente limitado, e não aponta para um horizonte de resolução nem dos ataques do bolsonarismo, nem da crise sistêmica do capital. Alckmin assume o lugar de vice para, justamente, ampliar o diálogo com setores da burguesia, indicando ainda mais o caráter de classe dessa chapa, orientada pela e para a classe dominante.

Tendo em vista esse cenário, a militância do Ecoar construirá nas ruas a derrota e a alternativa ecossocialista ao bolsonarismo, enquanto fará campanha na defesa e depositará nas urnas um voto de negação a Jair Bolsonaro, que pode se dar tanto pelas candidaturas da esquerda radical – Vera Lúcia (PSTU), Sofia Manzano (PCB), Leonardo Péricles (UP) – quanto pela candidatura de Lula (PT), nesse momento apoiada pelo PSOL.

Por fim, consideramos que a construção da resistência ao golpismo por parte das organizações de esquerda, dos sindicatos, dos diversos coletivos e dos movimentos sociais é mais relevante que os posicionamentos eleitorais. Por isso, temos que disputar nas ruas a derrota urgente do bolsonarismo, que só será possível por meio da discussão programática radical e alternativa ao capitalismo, pelo diálogo próximo aos diversos setores da nossa classe e pela preocupação imediata com medidas de segurança e resistência à violência fascista.

Indicamos para a construção candidaturas parlamentares, com a nossa militância nas ruas, no sentido de utilizarem o período eleitoral para disputar politicamente por um programa radical e ecossocialista; que tenha como centralidade a conquista de direitos para a classe trabalhadora, para as mulheres, os/as/es LGBTQIA+, o povo preto, os povos tradicionais e originários; a defesa tenaz do meio ambiente; a legalização das drogas; o fim das prisões e dos manicômios; a construção de uma educação pública, popular e de qualidade; e o horizonte da superação do capitalismo, único caminho para, de fato, transformar o mundo em que vivemos em um lugar onde temos o direito ao futuro.

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