Ecossocialismo ou extinção!

Frente de Luta Ambiental / Coletivo Ecoar

O Planeta Terra, palco das mais variadas formas de produzir vida, está hoje profundamente marcado pelo modo de produção que gera morte, e não vida. A pressão exercida pelo sistema capitalista sobre o sistema Terra condena o destino das pessoas pobres, especialmente das mulheres, das crianças, dos idosos e dos povos historicamente oprimidos, negros, indígenas, caiçaras e quilombolas. Esse modo de produção também ameaça o destino do Planeta Terra. À juventude e às próximas gerações está colocada uma tarefa incontornável: superar o sistema capitalista e arrancar alegria ao futuro.

Por onde avança, o capitalismo provoca uma alteração abrupta na relação metabólica entre a humanidade e a natureza, tendo a América Latina como uma das regiões de mais profunda destruição ambiental e genocídio dos povos originários, essenciais para garantir as condições para a consolidação e a manutenção desse modo de produção.

O extrativismo, ao perfurar e revirar a terra, inverte os sentidos dados à terra pelos povos originários, o sentido de ser um elemento substantivo da produção e reprodução social. Antes concebida como território comum, diverso e vivo, agora é reduzida à mercadoria, numa concepção de território restrita ao direito e à propriedade, como instrumento para manter o poder de poucos sobre muitas vidas. A natureza é tratada como um recurso para a produção de lucros às custas de seu próprio equilíbrio e manutenção.

Não há, hoje, região ou bioma que escape da destruição capitalista. No céu, a concentração de dióxido de carbono e gases de efeito estufa provocam danos quase irreparáveis na atmosfera. A temperatura global aumenta, a chuva se acidifica e, nas grandes cidades e regiões industriais, o ar vai se tornando intragável. O agronegócio, expressão do capital no campo, degrada e desertifica regiões imensas em nome de um modelo de agricultura voltado não para a produção de alimentos a partir da soberania alimentar da população, mas para produzir commodities e garantir o lucro da burguesia. O solo, a água, o alimento e o trabalhador do campo são contaminados pela hegemonia do agrotóxico, que desde a “revolução verde” se apresenta como a única forma de produção campesina.

O degelo do Ártico se acelera, todo ano batemos recordes de temperatura, os eventos extremos que se empilham aos montes são um aviso de que a necessidade de construir uma alternativa a esse modo de produção é a única saída. A aceleração da destruição ambiental nos leva a cada dia para mais perto do “ponto sem retorno”, em que não será mais possível reverter os danos causados pelo sistema capitalista, e essa não é uma realidade do futuro, mas sim do presente. Não podemos permitir que isso aconteça.

Precisamos ter em mente que as emergências climáticas, apesar de afetarem a todos, não afetam da mesma forma. O colapso ambiental coloca na superfície da sociedade o racismo ambiental, uma vez que afeta mais profundamente as mulheres negras, indígenas e quilombolas.

Se a destruição ambiental causada pelo capitalismo coloca nosso futuro em risco, cada vez é mais evidente que temos força para responder e resistir. No último período, a juventude, os povos da floresta, quilombolas, caiçaras e povos originários assumiram o protagonismo da luta em defesa do meio ambiente. As mobilizações globais da greve pelo clima são sinais de que a juventude tomou para si a luta por seu futuro, à frente das lutas contra o governo Bolsonaro e também contra os inúmeros ataques ao meio ambiente, que não são novidade da extrema direita. Repudiamos as construções de Belo Monte, Mariana e Brumadinho e a transposição do rio São Francisco.

A necessidade de pensar a construção de um novo mundo é cada vez mais urgente. Um mundo que transforme a relação entre humanidade e meio ambiente a partir do entendimento de que nós, mulheres e homens, somos parte da natureza explorada para enriquecer os poderosos. Desde já, os movimentos agroecológico, em defesa da reforma agrária, das nossas florestas, rios, mares, da demarcação de terras indígenas, do direito à cidade, da transição energética, “Nenhum poço a mais” e tantos outros cumprem um papel fundamental: construir de baixo para cima a revolução ecossocialista, única saída possível para nossa sobrevivência e existência digna.

É por isso tudo que afirmamos, em defesa da nossa sobrevivência e existência digna: ecossocialismo ou extinção!

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