A educação é um dos pilares de qualquer sociedade. Tem um papel fundamental na formação de nossas crianças, jovens e adultos. Na nossa visão, é muito importante que ela seja acessível a todas e todos e que sirva para a formação de uma visão de mundo crítica que nos permita reconhecer, analisar e propor alternativas para os diversos problemas sociais que enfrentamos.

No capitalismo, no entanto, a dimensão crítica da educação é profundamente desvalorizada e mesmo indesejada pelos donos do poder. Afinal, é um problema para eles que todos aqueles e aquelas que são exploradas e oprimidas pensem criticamente e reconheçam sua posição social e interesses coletivos.

Assim, neste sistema, a educação é tratada como mais uma mercadoria, um produto para ser vendido e gerar lucros para alguns poucos empresários. Para eles, que desejam continuar explorando e oprimindo a maioria da nossa população, é interessante que a nossa formação seja voltada sobretudo para a qualificação de mão de obra a ser explorada. O que é ainda mais grave quando nosso destino é um mercado de trabalho saturado, com uma enorme massa de pessoas ocupando postos precarizados, especialmente a juventude negra e pobre, e outra massa de pessoas desempregadas.

A desumanização imposta pelo capitalismo também se expressa nessa lógica do trabalho alienado e explorado que nos causa uma profunda degradação física e espiritual. E mais: o tipo de educação que acessamos serve para nos (de)formar para exercer de maneira dócil e submissa esses trabalhos. A mercantilização da educação está a serviço da exploração da nossa força de trabalho e dos que lucram com ela.

O avanço do ensino remoto durante a pandemia da COVID-19 é mais uma clara expressão disso e do descaso existente entre nossos governantes com o acesso à educação da população pobre e negra no Brasil. Assim como em 2020 estivemos no combate a esse modelo de ensino, nosso dever é seguir lutando contra sua difusão também no pós-pandemia.

É por isso que precisamos de uma alternativa. Queremos o fortalecimento radical da educação pública brasileira em todos os níveis, do ensino básico ao ensino superior. Nossas e nosso estudantes têm o direito a acessar uma educação crítica e de qualidade e nossas professoras e professores precisam ser valorizados e não viver de salários precários e sob condições de trabalho humilhantes.

O ensino superior precisa ser pautado pelo tripé ensino-pesquisa-extensão. Para isso precisamos de um aumento das verbas voltadas à educação e de universidades públicas que sirvam aos interesses sociais – e não aos lucros privados!

Se hoje temos cerca de 75% dos estudantes do ensino superior em instituições privadas, nossa tarefa é virar esse número do avesso. Defendemos um projeto de transição que promova a expansão radical do ensino público e que restrinja e regulamente fortemente o ensino privado.

É preciso ampliar o acesso à universidade pública por meio do avanço das cotas sociais e raciais, assim como implementar outras medidas voltadas ao combate das desigualdades raciais, de gênero e sexualidade.

Além disso, reivindicamos não só a ampliação do acesso às universidades públicas, como também que sejam efetivadas e desenvolvidas políticas de assistência que assegurem a permanência dos estudantes nas universidades.

Para concretizar todas essas lutas e transformações, precisamos de autonomia universitária: fora Bolsonaro da presidência e também das nossas universidades!

Inspirados num histórico de lutas do movimento estudantil que teve sua expressão mais recente no tsunami da educação em 2019, afirmamos: a defesa consequente da educação pública possui um potencial anticapitalista e implica o enfrentamento aos interesses dos de cima! É fundamental organizar e fortalecer a construção de um movimento estudantil combativo e radical, que se mobilize com unidade na luta em defesa dos nossos interesses e demandas. Estamos a serviço desse horizonte!

A transformação radical da educação é parte da transformação radical do mundo!